domingo, 7 de junho de 2009

29º Andar


Soube que tu queria me encontrar, vi num sonho, ou ouvi alguém comentar,

Tu não vai mais me achar, assim prometi.

Jurei que nunca mais, em uma noite distante.


E sigo movendo os gelos do meu copo com os dedos, como tu detestava,

Acendendo um cigarro no outro, no lugar escuro onde me escondi,

Já nem me lembro por que.


Talvez, tudo tenha começado a terminar, no dia em que subi no parapeito da sacada do 29° andar e tu olhando pra mim, sequer esboçou reação,

Havia apenas medo, eu soube depois.

Naquele momento, assim como hoje, nenhum de nós sabia o que fazer...

Cheguei a ter vontade de ameaçar cair, mas também tive medo, seria pra ver se tu reagia,

Mas o mar banhado pela lua a nossa frente, à frente da sacada, não me deixou fazê-lo,

E nos distraímos e nos separamos de tudo o que havia acontecido até então, entre nós.

Naquela cidade grande demais.


Hoje, só penso em encontrar um lugar que me leve de volta, ao tempo em que achava que podia controlar os meus passos ou, na verdade, era quando não tinha medo de trocar os pés pelas mãos, não lembro exatamente qual sensação.


Fico pronto para o momento em que a vida me apresente algo que enfim me desconecte de tudo o que representamos, estas coisas que apenas eu ainda mantenho vivas por um fio, fio que sustento involuntária e covardemente.

Enquanto carrego um gosto amargo na boca e um medo novo de altura.


11/01/2007



Um comentário:

Fabiola disse...

comprado este barril também!
rs...
adoro o jeito como escreves...
meus devaneios e desilusões tem um que de 29 andar..
bjos